"É a hora de a Justiça dar a resposta que a história exige", diz Lindbergh sobre julgamento do golpe
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O líder do PT na Câmara dos Deputados, Lindbergh Farias (RJ), afirmou nesta terça-feira (2) que o início do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e de militares envolvidos na tentativa de golpe de Estado marca um dia histórico para o Brasil. Em publicação nas redes sociais, o parlamentar destacou que o processo trará à tona provas de que o ex-presidente “perdeu as eleições, atacou as instituições e iniciou a execução de um plano de golpe de Estado e de abolição violenta do Estado Democrático de Direito”.
O julgamento, conduzido pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), já começou e deve se estender até 12 de setembro. Além de Bolsonaro, respondem como réus os ex-ministros Augusto Heleno, Paulo Sérgio Nogueira e Walter Braga Netto, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier, o ex-ministro da Justiça Anderson Torres, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid. Todos são acusados de compor o “núcleo crucial” da trama golpista.
O "Plano Punhal Verde e Amarelo"
Entre as provas apresentadas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), Lindbergh destacou o chamado Plano Punhal Verde e Amarelo, revelado nas alegações finais do órgão. Segundo o petista, o documento foi impresso dentro do Palácio do Planalto por Mário Fernandes, levado ao Palácio da Alvorada e discutido diretamente com Jair Bolsonaro.
“O plano descrevia a neutralização de autoridades democráticas: Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes. Os alvos eram monitorados constantemente, inclusive após 15 de dezembro de 2022, quando o primeiro calendário do golpe fracassou”, afirmou Lindbergh.
O texto, segundo ele, previa assassinatos com uso de pistolas, fuzis, metralhadoras, lança-granadas e até foguetes antitanque, classificando as chances de êxito como “médio tendendo a alto”. As anotações admitiam mortes de inocentes como “dano colateral aceitável”.
Alvos monitorados e métodos extremos
As estratégias descritas no plano, de acordo com a PGR, incluíam ações de extrema violência. Para atingir o ministro Alexandre de Moraes, cogitava-se disparo de armas pesadas, uso de explosivos ou até envenenamento em eventos públicos. No caso de Lula e Alckmin, mencionava-se a possibilidade de envenenamento por meio de medicamentos capazes de induzir colapso orgânico.
“As anotações no arquivo mostram que algumas medidas já estavam em curso, como o reconhecimento de rotas e a vigilância clandestina”, destacou Lindbergh.
Estrutura paralela de poder
Mesmo após contratempos, o grupo manteve a expectativa de consumar o golpe. De acordo com as investigações, chegou a ser discutida a criação de um “Gabinete Institucional de Gestão da Crise”, que seria ativado imediatamente após a ruptura institucional para sustentar um governo paralelo de Jair Bolsonaro. Esse documento também foi produzido dentro do Planalto e distribuído entre militares aliados.
Justiça e memória histórica
Para Lindbergh, o que está em julgamento não é apenas a retórica de um grupo golpista, mas provas materiais da participação direta de Bolsonaro. “São provas concretas de que o então presidente da República aceitou, estimulou e acompanhou planos de assassinato político contra Lula, Alckmin e Moraes. A democracia resistiu. Mas agora é a hora de o Brasil conhecer toda a verdade e de a Justiça dar a resposta que a história exige”, concluiu.
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