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Demorou, mas a Justiça afastou o bolsonarista Rodrigo Manga da Prefeitura de Sorocaba

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Demorou, mas a Justiça afastou o bolsonarista Rodrigo Manga da Prefeitura de Sorocaba
Demorou, mas a Justiça afastou o bolsonarista Rodrigo Manga da Prefeitura de Sorocaba (Foto: Reprodução)

Investigado por desvios em contratos da área de saúde, no âmbito da Operação Copia e Cola da Polícia Federal, o prefeito de Sorocaba, bolsonarista Rodrigo Manga, do Republicanos, foi afastado do cargo por 180 dias pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região. O esperneio dele e de aliados faz parte do jogo, mas a inefável figura há muito tempo testa os limites do ridículo e, como se vê agora, da lisura na administração pública.

Vale uma pílula de didatismo jurídico: a Justiça pode afastar temporariamente um mandatário do cargo durante uma investigação quando houver indícios de que sua permanência na função possa atrapalhar as apurações ou a instrução processual. Trata-se de uma medida cautelar prevista em lei, baseada em fundamentos constitucionais e processuais.

Os desvios na saúde são apenas um item na capivara de Manga, como já escrevemos neste espaço. Em maio de 2023, a Justiça determinou o bloqueio de bens do prefeito e do então secretário de Educação, Márcio Carrara, por suspeita de superfaturamento na compra de 30 mil kits de robótica por R$ 26,3 milhões — cerca de R$ 740 por unidade, enquanto o preço de mercado variava entre R$ 14 e R$ 29. A ação cível segue em tramitação. A Procuradoria-Geral de Justiça avalia a abertura de um Procedimento Investigatório Criminal.

O alcaide afastado ainda está enrolado na Justiça com denúncias de aquisição de lousas digitais para as escolas com superfaturamento de 56% e pela compra de um prédio para a Secretaria da Educação por R$ 29,9 milhões, cujo valor avaliado era de R$ 19,5 milhões.

Mas Manga é mesmo campeão no campo da desinformação pelas redes sociais. Ele aproveitou-se, por exemplo, da eleição de Donald Trump para anunciar um decreto promovendo intercâmbio entre políticos, empresários e estudantes brasileiros e americanos, oferecendo a “estrutura de Sorocaba” para “troca de experiências”. Sabe-se lá o que é isso exatamente, mas o que importou, afinal, foi a resposta do TikTok.

Mais grave é o passivo pandêmico de Manga, que estimulou a prescrição do kit cloroquina nos postos de saúde da cidade, até que a Vara da Fazenda Pública daquela comarca determinasse à Prefeitura interromper as propagandas institucionais do inócuo – se não perigoso – tratamento precoce da Covid-19.

Evangélico que gosta de relatar aos fiéis como Deus o salvou das drogas, Rodrigo Manga chegou a despejar água benta no Rio Sorocaba como medida preventiva contra inundações. Seu discurso básico é o do empreendedorismo individual, mas sua gestão é assistencialista. Quando Pablo Marçal perdeu a eleição para prefeito de São Paulo, convidou-o a assumir uma pasta de seu secretariado. Marçal não deu bola, mas Manga fez o seu carnaval habitual nas redes sociais.

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