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Massacre no Rio: Pressão cresce para responsabilizar governador após operação com mais de 120 mortos

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Massacre no Rio: Pressão cresce para responsabilizar governador após operação com mais de 120 mortos
Massacre no Rio: Pressão cresce para responsabilizar governador após operação com mais de 120 mortos (Foto: Reprodução)

Rio de Janeiro — A megaoperação policial realizada no Complexo do Alemão e da Penha, no final de outubro, que deixou mais de 120 mortos segundo órgãos de direitos humanos, abriu uma das maiores crises de segurança pública da história recente do estado. Entre denúncias de execuções, cobranças de autoridades federais e manifestações de organizações civis, cresce a pressão para que o governador Cláudio Castro seja responsabilizado — e, dependendo das conclusões das investigações, até mesmo preso.


A operação mais letal da história do Rio


A ação mobilizou cerca de 2.500 agentes de diferentes forças de segurança, incluindo BOPE, CORE e Polícia Rodoviária Federal. Moradores relataram pânico, casas invadidas, tiros durante horas e corpos deixados nas ruas. A Defensoria Pública fala em ao menos 132 mortos, enquanto o governo informa números menores e afirma que todos os mortos eram “criminosos em confronto”.


Entidades de direitos humanos classificam o episódio como “massacre” e “possível execução em massa”. Organizações internacionais acompanham o caso, e a Anistia Internacional afirmou que o episódio “reflete um padrão sistêmico e racista de violência estatal”.


STF cobra explicações


A repercussão nacional levou o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, a convocar o governador para prestar esclarecimentos. Ele deverá responder a uma série de perguntas sobre planejamento, execução, cadeia de comando e os motivos que levaram a uma resposta tão letal.


O STF também quer detalhes sobre armamentos utilizados, presença de agentes sem identificação e relatos de desaparecimentos.


Castro defende que a operação foi “legítima” e necessária diante da expansão territorial de facções criminosas.


Pressão política e institucional cresce


O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, afirmou publicamente que o governador precisa “assumir responsabilidades” e acusou o governo do estado de agir sem coordenação com órgãos federais.


A Associação Brasileira de Imprensa (ABI), a OAB-RJ, a Defensoria Pública e o Ministério Público abriram frentes de apuração.


A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) e o Sindicato dos Jornalistas de SP classificaram a ação como “chacina” e cobraram investigação independente.


Governador pode ser afastado ou preso?


Especialistas apontam três caminhos principais:


1. Crime comum


Se ficar comprovado que Castro ordenou ou permitiu abusos ilegais, ele pode ser investigado pelo STJ. Medidas cautelares — incluindo afastamento — podem ser aplicadas.


2. Crime de responsabilidade


Caso se entenda que a ação violou princípios administrativos, a Assembleia Legislativa pode abrir processo de impeachment. O governador pode ser afastado por até 180 dias durante o julgamento.


3. Prisão


A prisão de um governador é possível, mas só diante de provas robustas de participação direta em crimes como:


homicídio qualificado por mando,


organização criminosa,


fraude em dados ou relatórios oficiais,


obstrução de investigações.


No momento, não há ordem de prisão, mas a investigação pode evoluir para isso dependendo das evidências.


Cenário ainda aberto


Apesar da pressão pública, tudo ainda depende das investigações conduzidas por STF, MP e órgãos de controle. A repercussão internacional e o alto número de mortes tornam o caso inédito e potencialmente explosivo para o governo estadual.


O desfecho pode variar entre arquivamento, punições administrativas, pedido de impeachment ou, no limite, prisão — mas nenhuma dessas hipóteses está confirmada.

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