Brasil anuncia fundo inédito para impulsionar a transição verde
Rede Sat
Em um movimento para fortalecer a transição ecológica brasileira, o Ministério da Fazenda, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e o Fundo Verde para o Clima (GCF, na sigla em inglês) anunciaram planos para a criação de um fundo catalítico de investimento em participações com lançamento previsto para 2026. A revelação ocorreu durante o COP30 Business and Finance Forum, realizado em São Paulo, no dia 4 de novembro.
Com um tamanho inicial estimado em mais de US$ 400 milhões, o fundo tem como meta alavancar mais de US$ 1 bilhão em recursos de investidores comerciais e instituições financeiras de desenvolvimento. Trata-se do primeiro fundo do gênero dedicado exclusivamente a um país, e ele integrará a Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica (BIP) — iniciativa secretariada pelo BNDES para mobilizar investimentos em larga escala voltados à economia verde.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que o fundo simboliza uma nova etapa do Plano de Transformação Ecológica. “A BIP é um novo instrumento que lançamos como parte do Plano de Transformação Ecológica”, afirmou. Segundo ele, o objetivo é conectar a estratégia de financiamento nacional a projetos inovadores capazes de impulsionar uma economia de baixo carbono e inclusiva.
Para Haddad, a parceria com o GCF e o BNDES representa um marco histórico. “O Fundo de Capital Catalítico que anunciamos hoje, em parceria com o GCF e o BNDES, é um marco desse esforço, o primeiro de seu tipo no engajamento estratégico do Brasil com o GCF”, disse. O ministro ressaltou ainda o papel central do BNDES como principal articulador do financiamento da transformação ecológica, responsável por desenvolver “os instrumentos e as parcerias necessários para ampliar os investimentos que transformam ambição em implementação”.
BNDES reforça liderança na nova economia verde
O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirmou que a criação do fundo é um avanço estratégico para o país. “Ao estruturar mecanismos de capital catalítico com participação do setor privado, o BNDES reafirma seu papel como agente indutor de investimentos em setores-chave da nova economia”, destacou.
Mercadante ressaltou que a BIP se consolida como um instrumento nacional de coordenação, capaz de mobilizar recursos em grande escala e com foco em soluções climáticas que unam desenvolvimento produtivo, inclusão social e sustentabilidade ambiental. Ele também enfatizou o papel de liderança internacional do Brasil: “Esta iniciativa posiciona o país como referência na construção de modelos financeiros voltados à transição climática, com potencial de replicação em outras economias emergentes”.
Parceria global e referência para outras nações
O fundo conta com apoio de importantes parceiros internacionais, como Bloomberg Philanthropies e Glasgow Financial Alliance for Net Zero (GFANZ). Para o enviado especial do secretário-geral da ONU para Ambição e Soluções Climáticas, Michael R. Bloomberg, o Brasil dá um exemplo de cooperação eficaz entre os setores público e privado.
“Acelerar o progresso contra as mudanças climáticas exigirá uma enorme quantidade de novos investimentos, e o Brasil está provando que a colaboração público-privada pode desbloquear os recursos necessários para estimulá-la”, afirmou Bloomberg. “Este novo fundo ajudará a dar vida a mais projetos que reduzam as emissões, estimulem o crescimento econômico, melhorem a vida das pessoas no Brasil – e criem um modelo com o qual outros países possam aprender.”
“Acelerar o progresso contra as mudanças climáticas exigirá uma enorme quantidade de novos investimentos, e o Brasil está provando que a colaboração público-privada pode desbloquear os recursos necessários para estimulá-la”, afirmou Bloomberg. “Este novo fundo ajudará a dar vida a mais projetos que reduzam as emissões, estimulem o crescimento econômico, melhorem a vida das pessoas no Brasil – e criem um modelo com o qual outros países possam aprender.”
Financiamento inovador e impacto global
Em seu primeiro ano, a BIP já demonstrou capacidade de mobilização ao reunir parceiros públicos e privados em torno de uma visão comum para a transformação climática do Brasil. A nova estrutura de financiamento pretende combinar recursos do GCF — cuja proposta preliminar está em análise — e do BNDES, alcançando um volume superior a US$ 1 bilhão.
A proposta adota um modelo inovador de financiamento misto, no qual o capital concessional reduz o risco dos investimentos, atraindo a participação do setor privado — estratégia essencial para mercados emergentes e economias em desenvolvimento.
A diretora executiva do GCF, Mafalda Duarte, explicou a importância desse formato: “Como o tipo de financiamento disponibilizado pelo GCF é o mais escasso, dada a sua flexibilidade de compartilhamento de riscos e condições de financiamento, quando usado estrategicamente, ele pode impulsionar a transformação em larga escala”.
Modelo replicável para economias emergentes
Com a BIP, o Brasil se posiciona como um laboratório de inovação financeira para o clima. A estratégia de alavancar capital catalítico oferece um modelo escalável para outros países em desenvolvimento, articulando o uso eficiente de recursos públicos com a participação privada.
A expectativa é que o fundo contribua diretamente para o cumprimento das metas climáticas brasileiras (NDCs), ajudando o país a reduzir entre 59% e 67% de suas emissões até 2035 — e consolidando o Brasil como um líder global na transição para uma economia verde e inclusiva.
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