FEMINICÍDIO NA MARGINAL TIETÊ: A MORTE DE TAINARA E O GRITO POR LEIS MAIS DURAS NO BRASIL
RedeSat
A morte de Tainara Souza Santos, de 31 anos, após semanas de internação e uma nova cirurgia, escancara mais uma vez a face mais cruel da violência contra a mulher no Brasil. Arrastada por cerca de um quilômetro na Marginal Tietê, em São Paulo, por um ex-companheiro, Tainara não foi apenas vítima de um crime — foi vítima de um sistema que ainda falha em proteger mulheres e punir com o rigor necessário quem comete atos de barbárie.
O ataque ocorreu no fim de novembro e, desde então, Tainara lutava pela vida em um hospital da capital paulista. Passou por múltiplas cirurgias, sofreu amputações e resistiu enquanto o país acompanhava, indignado, cada boletim médico. Sua morte, confirmada após uma nova intervenção cirúrgica, transforma definitivamente o caso em feminicídio consumado.
Tainara era mãe de dois filhos pequenos. Uma mulher trabalhadora, descrita pela família como dedicada, forte e amorosa. Sua história se soma a milhares de outras interrompidas pela violência de gênero — muitas delas anunciadas, previsíveis e evitáveis.
O agressor está preso, mas a pergunta que ecoa é inevitável: isso é suficiente?
No Brasil, mulheres continuam sendo mortas por parceiros ou ex-parceiros com uma frequência alarmante. As leis existem, mas muitas vezes chegam tarde. Medidas protetivas são descumpridas, denúncias não são levadas a sério e penas ainda parecem brandas diante da brutalidade dos crimes.
No Brasil, matar uma mulher — tirar uma vida, destruir uma família e traumatizar gerações — ainda enfrenta um sistema lento, permissivo e, por vezes, conivente. Feminicídio é mais do que um crime: é um ataque direto à dignidade humana.
O caso de Tainara não pode ser apenas mais um número nas estatísticas. Ele precisa se transformar em marco, em pressão social, em mudança real. O endurecimento das leis contra o feminicídio, o cumprimento efetivo das penas, o fortalecimento da rede de proteção às mulheres e a responsabilização sem atalhos dos agressores são urgentes.
Não podemos normalizar a maldade. Não podemos aceitar que mulheres sigam morrendo por ódio, posse e violência. Justiça para Tainara é justiça para todas.
Gilvandro Oliveira Filho
Jornalista
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