Ministros comparecem a ato de 1º de maio em SP: "Escala 6x1 é um crime contra o trabalhador"
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No maior ato de 1º de Maio realizado em São Paulo neste ano, ministros do governo federal marcaram presença ao lado das principais centrais sindicais do país e reforçaram o apoio à pauta do fim da escala 6x1, com redução da jornada de trabalho sem perda salarial. O evento, que ocorreu nesta quinta-feira, Dia Internacional dos Trabalhadores, reuniu milhares de pessoas na Praça Campo de Bagatelle, na zona norte da capital paulista.
Representando o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), estiveram presentes os ministros do Trabalho, Luiz Marinho; da Secretaria-Geral da Presidência, Márcio Macêdo; e das Mulheres, Aparecida (Cida) Gonçalves. Embora Lula não tenha comparecido ao ato — ao contrário do que ocorreu em edições anteriores —, os ministros destacaram o apoio do presidente às pautas trabalhistas e minimizaram o impacto político da ausência.
"O presidente Lula faz falta em qualquer lugar que ele não esteja", afirmou Márcio Macêdo. "A presença dele é a presença viva da história pela luta democrática do país. Isso aqui é parte da história dele, foi quem projetou ele para o mundo político e para o mundo da sociedade. Ele está aqui pela sua obra, ele está aqui pelas suas ações, ele está aqui pela sua história, ele está aqui pelo que ele está fazendo hoje no governo", completou o ministro.
Ao longo do evento, lideranças sindicais e autoridades governistas defenderam pautas históricas do movimento dos trabalhadores, como a isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil, a igualdade salarial entre homens e mulheres, e a diminuição dos juros. Mas a principal bandeira do dia foi o fim da escala 6x1 — modelo de trabalho no qual o funcionário trabalha seis dias e folga um.
Para o ministro Márcio Macêdo, a jornada atual impõe uma rotina desumana aos trabalhadores brasileiros. "A escala 6x1 é um crime contra o trabalhador, é cruel contra a classe trabalhadora. Nós todos não precisamos só de trabalho digno e salário justo. É necessário ter tempo para viver, ter tempo para estar com a família, ter tempo para fazer o que gosta, para jogar seu futebol, para ouvir música, para estar com os filhos", afirmou.
O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, também se posicionou favorável ao fim da escala e à redução da jornada de trabalho. "A jornada de trabalho tem que ser reduzida. A última redução que nós tivemos da jornada foi em 1988. Nós temos certeza de que, hoje, nós temos condições de trabalhar até menos do que as 40 horas semanais", disse.
Segundo ele, a medida exigirá diálogo com empresários — especialmente dos setores de comércio e serviços — e articulação política com o Congresso Nacional. "É preciso de uma construção de várias mãos", afirmou. "O Congresso deve avaliar o quanto a medida poderá fazer bem para a economia brasileira e para o ambiente de trabalho. Não é uma coisa 'A' contra 'B'. É preciso olhar o interesse do país."
A ministra das Mulheres, Aparecida Gonçalves, também defendeu a pauta com ênfase nas mulheres trabalhadoras. Segundo ela, o fim da escala 6x1 é uma luta das mulheres por mais tempo com a família.
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, alertou que a concretização da pauta dependerá da mobilização popular e do convencimento de um Congresso conservador. “O trabalho que nós vamos ter é de convencer a maioria do Congresso da necessidade de pensar no Brasil como um todo, pensar nas pessoas, num país mais desenvolvido, com mais segurança na saúde das pessoas.”
Crise do INSS e isenção no IR
Durante o evento, os ministros também minimizaram os efeitos políticos das acusações de fraudes INSS. Conforme relatado pelo Metrópoles, Luiz Marinho afirmou que a continuidade de Carlos Lupi no comando da pasta da Previdência Social é uma "decisão política" do presidente Lula e que cabe ao próprio ministro demonstrar que tem condições de oferecer soluções.
A continuidade do ministro vai muitas vezes de uma avaliação política e não se ele tem culpa ou não. E vai também do próprio ministro avaliar se tem condições de dar resposta. O governo vai tratar com rigor e resolver o problema", disse Marinho.
Márcio Macêdo reforçou que o governo já tomou providências. "O governo Lula investigou e afastou os envolvidos. As providências foram tomadas. O governo fez a parte dele que é investigar", afirmou.
Ao comentar sobre o projeto de lei que amplia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, Macêdo demonstrou otimismo. "Acredito que vai ser aprovado no Congresso Nacional porque é outra pauta que caiu no imaginário coletivo muito positivamente. A isenção do imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil significa dizer: quem ganha menos não paga imposto e quem ganha mais paga o imposto justo. O clima é bom, tenho muita esperança que isso passe."
O ato unificado foi organizado por seis centrais sindicais — Força Sindical, CSB, CTB, UGT, Nova Central e Pública — com a participação da CUT como convidada. Além de discursos políticos, a celebração contou com apresentações musicais e atividades culturais voltadas aos trabalhadores e suas famílias.
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